segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Abracadabra, beleléu e o dado de oito lados


Sou fã confesso da série HarryPotter. Li todos os livros, assisti a todos os filmes (haters gonna hate!). Quem conhece a série já deve ter ouvido falar dos feitiços proibidos, ou maldições como são chamados nos livros. O primeiro é o feitiço crucius, que causa uma dor agonizante, utilizado para tortura. A pessoa pode ficar mentalmente debilitada se for usado por muito tempo. A segunda é o feitiço império, usado para controle da mente, transformando seu alvo em um fantoche. Mas a última, considerada a pior das três, é a mais interessante das magias proibidas na saga do bruxinho, pois tem o objetivo simples de matar outra pessoa. Ok, já estou vendo as faces indignadas de algumas pessoas dizendo: como assim a que mata pessoas é a mais interessante!?!?!?
Deixa eu explicar: não é o que ela faz que é interessante ( tá bom, é também, risos), mas o que realmente acho interessante é como ela faz e de onde veio a inspiração para ela. O avada kedavra é um raio verde e letal. Se você for atingido por ele não sentirá nada, simplesmente morrerá. Sem dor, de forma rápida e silenciosa deixará este mundo. Nem é tão ruim assim se você reparar bem, quantas mortes são rápidas e sem dor? Particularmente eu teria inventado uma magia mais terrível como arma letal para o Você-Sabe-Quem. O feitiço crucius é muito mais malvado, por assim dizer. Mas não é disso que eu quero falar.

J. K. Howling, autora dos livros Harry Potter, diz ter se inspirado na palavra abracadabra para criar o avadada kedavra. Abracadabra é uma palavra que gosto muito. Acredito que todas as pessoas no mundo civilizado já a tenham ouvido. Foi imortalizada nos shows de mágica, em especial nos truques onde uma pessoa entra em uma caixa e desaparece ou um coelho some na cartola depois de proferida. A etimologia da palavra abracadabra é confusa e complexa. J. K. Howling levou em consideração o argumento que diz que abracadabra vem do Aramaico abhadda kedhabhra, que significa 'desaparecer como essa palavra'. Não sou lingüista nem historiador, não estou aqui para analisar se isto está correto ou não. A questão é que Rowling baseou o avada kedavra no possível significado: desapareça como esta palavra! Muito apropriado para um feitiço que faz você morrer.
Se eu fosse criar um feitiço para fazer alguém morrer chamaria ele de beleléu. Aliás, se eu tivesse uma arma seu apelido seria este. O dicionário explica beleléu como "lugar indeterminado". Em uma pesquisa rápida descobri que beleléu vem do banto e era usada pelos escravos para dizer que alguém foi para a região dos mortos. Atualmente a palavra é usada para dizer que algo quebrou ou se perdeu. Mas na sua origem, ir para o beleléu era morrer ou, eufemisticamente, desaparecer.

Há controvésias sobre onde é o bebeléu. Uns dizem que beleléu é o céu, até porque as duas palavras rimam. Porém, há quem defenda que é um eufemismo para inferno, já que dizer que alguém foi para o céu quando morreu era visto como bom, mas dizer que foi para o inferno não pegava bem, então usava-se beleléu. Eu acho que o beleléu é aqui. A gente morreu e foi para o inferno ou algo similar, quase como no seriado Lost. Esta é a nossa ilha e está cheia de mistérios e incoerências. Dificilmente alguém consegue sair e quem sai não sabe onde vai parar. Um lugar onde dor e agonia não são ficção. Onde todos somos fantoches, uns mais outros menos. E uma morte rápida e sem dor é privilégio de poucos. 
Tem dias que eu queria dizer para mim mesmo: abracadabra! Ou por que não: avada kedavra? Nestes dias eu queria ter algo, mas não tenho. Então, comprei um substituto: um dado de oito lados. Seis é pouco, mais que oito é muito. Ele vai ser meu companheiro vitalício. Escolhi um número e este será meu avada kedavra. E todo dia eu lançarei o dado para ver qual seria minha sorte se ele fosse uma varinha mágica ou talvez algo mais metálico.

 


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