quarta-feira, 23 de março de 2011

Ver o invisível

        Como a maioria das pessoas gosto muito de filmes. Meus gêneros favoritos são terror e suspense, mas não dispenso uma boa ação ou um bom drama. E de vez em quando alguns filmes me despertam um interesse especial. Isto aconteceu com Hancock. Para quem não quer spoilers talvez seja melhor parar de ler por aqui.
        Resumindo: Hancock é um filme de ação-comédia onde Will Smith é um super herói, ou pelo menos deveria ser. Ele tem super poderes muito parecidos com os do Super-Homem. O problema é que ele é mau humorado, rabugento, não toma banho ou faz a barba, vive alcoolizado e ainda por cima é desastrado. Sempre que vai ajudar alguém causa um grande prejuízo material para a cidade, destruindo prédios, asfalto, entre outras coisas. As pessoas não gostam dele por isto e ele não gosta delas por elas não gostarem dele. Um círculo vicioso. O filme é engraçado, tem um enredo com muita ação, a atuação sempre brilhante de Will Smith(confesso, sou fã de carteirinha) e ainda conta com a beleza extraordinária de Charlize Theron.
        Mas não é por estes motivos que quis comentar sobre este filme. Aliás, muitas pessoas que assistem Hancock não reparam que há algo muito profundo nesta ação-comédia. Não sei se foi intencional por parte dos roteiristas, mas há uma mensagem implícita no filme. A uma certa altura Hancock conhece um homem que enxerga nele algo além do que pode ser visto com os olhos. Ray Embrey, interpretado por Jason Bateman, acredita que Hancock não é o que aparenta. Inclusive ele é a única pessoa no mundo que acredita nisso. Ray enxerga Hancock como ele poderia ser e não como ele é, enxerga seu potencial. E vai além, pois não fica apenas nas palavras, mas faz da recuperação de Hancock seu projeto particular. Se envolve tanto nisto que complica um pouco sua vida particular e mesmo assim não desiste.
        Não quero estragar a diversão de quem ainda não assistiu ao filme, então não vou dar mais detalhes. E para quem já assistiu seria interessante assistir com esta nova perspectiva. Como sempre gosto de traçar paralelos, Ray me faz lembrar de como Deus nos vê. Olhando sempre lá no fundo, acreditando mais em nós do que nós mesmos. Vendo o invisível. Esta é a história dentro da história do filme Hancock. Sobre alguém desprezado pela sociedade. Sobre alguém que enxerga o coração das pessoas além da sua aparência e/ou comportamento. Sobre alguém que vê o que poderíamos ser ou o que somos de verdade. E sobre alguém que, por isto, reencontra o próprio caminho.

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